sábado, 17 de julho de 2010

Memórias da Minha Infância

Lembro da amarelinha pulada entre as pedras do quintal. Da piscina Tone cercada por lírios amarelos onde minha irmã e eu inventávamos brincadeiras no verão: a preferida era correr dentro d’água a toda velocidade, até que se formasse uma gostosa marola, para, então, deitar e deixar o corpinho deslizar. Lembro do som incansável da cigarra. De aprender a andar de patins, aos 7 anos, e de bicicleta, tardiamente, aos 11. Lembro da cesta de basquete pendurada em cima da garagem, da mesa de ping-pong montada em frente a ela, do velocípede que chamava de motoca. Lembro do som alto tocando Stevie Wonder e Queen, músicas que não eram nem um pouco pra meninas da minha idade, mas que provavam que bom gosto, sim, é que não tem idade. Sol de Verão, Blitz, Mão Branca, Cabeça Dinossauro. Vinis na vitrola que tinha orgulho de ser minha, só minha. Lembro das coreografias ensaiadas exaustivamente com a irmã para apresentar aos pais de noite. Das olhadinhas pelo muro para o vizinho da minha idade, que nunca tinha falado comigo, mas que habitava os sonhos românticos de uma garota de 8 anos. Lembro de ir pra casa da vizinha pra comer jabuticaba, de pular o muro e roubar escondido pitanga direto do pé. Lembro das sopas coloridas no inverno, da fumacinha da panqueca de espinafre esfriando na janela antes de ser servida. Hm, delícia.


Lembro dos imensos jardins da Escola Viva, do teatrinho no último dia antes de mudar de colégio. Eu, que nem gostava da aula, acabei protagonista, na pele do camaleão que tinha que agradar a todos os bichos da floresta, mudando de cor a toda hora. “Quem não agrada a si mesmo, não pode agradar a ninguém”, moral da história. Lembro do campinho de terra batida, das festas juninas com lindos vestidos feitos à mão pela mãe, das fantasias de carnaval que brotavam da máquina de costura da avó. Vestida de odalisca ou de chuva, longos cachos no cabelo, sorriso doce no rosto. Lembro dos dias na casa da Praia do Saco, tendo que correr na areia pra me esquentar porque no chuveiro da casa não tinha água quente. Lembro da picada de abelha, das tardes com Monteiro Lobato na rede da varanda, da batata doce e do milho assados na fogueira feita na calçada, das lasanhas vegetarianas que eram a melhor coisa do mundo.

Lembro das férias sem fim na casa da avó querida, e agora meus olhos se enchem de lágrimas de saudade. Teatro infantil, patinação no gelo, brincadeiras no playground até dez da noite, verdade ou conseqüência, pêra, uva, maçã, salada mista. Lembro do jogo de queimado, de pique-esconde, de pular elástico, corda, das apresentações em que sempre ganhava o titulo de melhor cantora do grupo, com a ajuda providencial da acústica do play, que me transformava em Rosana, como uma deusa. Lembro de apertar a campainha de todos os andares e sair correndo, da velha maluca que ameaçava tacar uma panela de água quente na gente, da curiosidade nunca matada de saber como era a tal brincadeira do copo. Lembro de sentar em rodinha no chão pra jogar, jogar de tudo: Pega-Varetas, Playmobil, Banco Imobiliário, Genius, Detetive, Sessenta Segundos, Lince, Jogo da Vida, a vida é mesmo pura brincadeira quando se tem uma boa infância. Lembro de quando a felicidade estava num quarto escuro, com minhas amigas, brincando de “gato mia”. Das festinhas que a gente entrava de penetra, da criatividade em criar um grupo só nosso, com carteirinha de sócio e tudo, eu, a irmã e Paula, amizade eterna com o codinome “kids”. Lembro de ouvir os mais velhos dizerem que a infância é a melhor parte da vida, e agradeço a quem me proporcionou momentos inesquecíveis como estes.

4 comentários:

  1. Que legal, Karin!

    Descobri por algumas pistas que somos contemporâneos (Rosana, Gênius, etc...)

    Nada substitui uma boa infância...

    As amizades perdidas que juravamos que seriam eternas e que o tempo nos levou...

    As pessoas queridas que Deus nos levou de nós!

    Obrigado por me fazer relembrar de tantas coisas boas que eu vivi!

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  2. Quanta, mas quanta saudade, Kareta!!! Tanta coisa boa pra gente lembrar que a vida ganha um sentido verdadeiramente especial... E quanto texto bacana por aqui! Que orgulho eu tenho da minha amiga e por tantas razões... TE AMO. KIDS!!!

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  3. Amei o seu texto!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

    E lembrei das idas pra Piratininga, daquela fila mega do show daquela mulher que cantava Listen to your heart... (não era isso que ela cantava??), da pizza integral (temos que fazer uma rodada de pizza só eu, você e a Xana... Meu Deus, quanto tempo não fazemos nada as três!!), de você me empurrando na lata de lixo no shopping, rsrs, da gente de marinheira, do ortopless, ortopless, dos beliscões bem dados na insuportável da Marcela, da nossa cara de pau pra "roubar"os jogos da Manu, ahh de tanta, mas tanta coisa...

    Nossa... como é realmente bom ter tantas e tão boas lembranças.... como é bom relembrar esse tempo e saber que outras coisas novas virão pela frente e estaremos juntas, lado a lado. Kidsss!!!

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  4. Nossa, parece que foi ontem... Muitas saudades mesmo dessa vida boa que passa tao rapido... Muitos bjs da sua irma que te ama muito e que adora fazer parte da sua vida!!! Kids!!!

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