quinta-feira, 17 de março de 2011

QUANDO A VERDADE DÓI

Minha mãe me ensinou a sempre dizer a verdade, no matter what. Mas, hoje em dia, já não sei se é a melhor estratégia. Veja o brasileiro dono do Burger King. Dava uma palestra nos Estados Unidos, para americanos, e caiu na besteira de falar a verdade. Disse que na Inglaterra as mulheres não são o ideal de beleza e que a comida é intragável. E ele não está absolutamente certo? Quem disser que não, nunca foi ao país da rainha. Pois a “ofensa” foi parar na internet em questão de minutos e, algumas horas depois da “gafe”, o bem-sucedido empresário teve que vir a público pedir as mais deslavadas desculpas e dizer que foi mal interpretado, que não era bem assim, coisa e tal. Punido por dizer a verdade (faltou falar da moda, que também é um horror... ih, periga eu também ter que vir a público me desculpar por essa).

Outro caso recente é o do Muricy Ramalho, ex-treinador do Fluminense. Ousou dizer que o local de treinamento do time é ruim, que o gramado está cheio de buracos, que um rato –veja só, que horror- veio dar as boas-vindas ao Deco, e que a presença de roedores é comum na outrora chique sede das Laranjeiras. Se eu fosse o presidente do clube –ou, neste caso, o ex-presidente, que reinou absoluto durante anos e nada fez pra melhorar esta situação- teria vergonha de ver um funcionário meu divulgando este tipo de coisa e agiria no dia seguinte. Mas... o que foi que aconteceu? O Muricy acabou se desgastando por conta disso, e pediu pra sair. E ainda foi criticado por ter dito a verdade, somente a verdade, nada além da verdade. Juro.

Esta história de ser politicamente correto já encheu. É tão comum não podermos mais expressar nossa opinião, que outro dia vieram me censurar no twitter, dizendo que, por ser jornalista, eu tenho a obrigação de ser imparcial. Só porque eu tava criticando um jogador no microblog. Gente, o twitter não é meu trabalho, ora bolas, é diversão! Lá, eu sou eu, Karin, e não uma funcionária global. Respondi ao follower dizendo que tinha sim o direito de emitir opinião ali, e, graças a Deus, fui apoiada por muita gente.

Em nome do politicamente correto, daqui a pouco todo mundo vai falar igualzinho a jogador de futebol: “fiz dez gols? ah, mas meu objetivo não é ser artilheiro não, o que importa é que meu time ganhe o campeonato.” Ou: “40 mil pessoas gritando o meu nome? Ah, legal, mas bom mesmo é poder estar ali ajudando meus companheiros.” Ou ainda: “cinco derrotas seguidas? O time tá se empenhando, é só a bola que não tá entrando.” Mentira, mentira, mentira. É nessas horas que eu prefiro ouvir o Renato Gaúcho, o Joel Santana, o Romário, caras que falam o que pensam, sem papas na língua. Livres, leves e soltos. Já basta vermos os políticos mentindo pra ganharem voto. Eu apóio quem levanta a mão e diz uma boa verdade, doa a quem doer.