quarta-feira, 14 de julho de 2010

Mal-educados

Deu no Jornal Nacional: os americanos estão mais mal-educados. Aquela história de abrir a porta do carro para as damas e senhoras, todo mundo sabe, já não existe mais há muito. Não é disso que estavam falando. Trata-se de um mínimo de educação que, por mais que a gente não perceba, deixou de fazer parte da rotina capitalista-escrava dos nossos dias. Escrava sim, do trabalho, da hora marcada, do próximo compromisso, da correria que impede o mundo de (voltar a) ser cordial.

É claro que não são só nossos vizinhos de cima que sofrem com o novo mal-estar desta civilização. Talvez eles só tenham constatado que os primeiros sintomas desta febre estão fazendo cada vez mais vítimas. Agressão, violência, armas em punho para eliminar quem nos contraria – este é o resultado da cultura má educação que assola o planeta. As crianças também reclamam, afinal, são elas as principais vitimas da falta de educação dos mais velhos. Dizia o menino na reportagem: os adultos só pensam neles. E aí entra mais um elemento desta louca fórmula que pode resultar em tragédia: o egoísmo. “Eu”, mais que o outro, tenho o direito de passar à frente dele e tomar seu lugar, posso bater sem ser atingido, posso gritar, xingar, empurrar, despejar palavrões insensatos, ser hostil, “eu posso”, “eu quero”, a cultura do egoísta fazendo miséria no mundo dos homens miseráveis de espírito.

Na era da máquina, da tecnologia digital, na era espacial onde a cada dia um limite é ultrapassado, falta-nos um cientista para inventar um só botão: que desligue pra sempre o mecanismo que nos faz estúpidos e mal-educados. Falta só descobrir qual é.

4 comentários:

  1. Karin

    Será que estamos ficando mais mal-educados que antigamente ou a sociedade que se tornou mais permissiva?

    Não seria a falta de educação uma característica dos indivíduos?

    Antigamente se abria a porta do carro por assim serem as pessoas ou por uma conduta social que as impunham a isso?

    Quem somos em nossa essência?

    Acho que as máscaras estão caindo...

    Acho que o ser humano verdadeiro é aquele que dá fechada no trânsito e ultrapassa sinal vermelho.

    Aquele, de antigamente, era um mero personagem que assim precisava ser por regras morais e sociais que, infelizmente, caíram em desuso.

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  2. Gostei muito do que vc escreveu, Karin. Concordo!! A falta de cordialidade já me fez "passar mal".

    Criei até mecanismos... como deixar de abrir porta de elevador, quando estou esperando, do lado de fora. Fico muito incomodada em ver que as pessoas sequer fazem algum sinal de agradecimento.

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  3. Amigaaa, você deveria substituir a Martha Medeiros!!!

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  4. É muito interessante e oportuno o que foi dito aqui por você,Karin.Realmente,nos dias atuais,por conta do ritmo cada vez mais frenético de nossa vida diária,estamos esquecendo de coisas como gentileza,fraternidade,amabilidade...Valores esses que devemos lutar para que não caiam totalmente em desuso.Afinal,somos SERES HUMANOS,dotados de raciocínio e discernimento.Parafraseando o grande Gilberto Gil,em su música "Cérebro Eletrônico":só eu posso pensar que Deus existe,só eu;só eu posso chorar quando estou triste,só eu... E cérebro eletrônico nenhum me dá socorro,com seus botões de ferro e seus olhos de vidro.Somos humanos,não somos máquinas.E gente nasceu para ser feliz e fazer feliz.

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