Um dia estava fazendo um flash ao vivo na programa
ção da Globo sobre as eleições. No meio do texto, o tenebroso e gigantesco fone despencou da minha cabe
ça. Paralisei. N
ão sabia o que fazer nem mais o que falar. A
í ouvi uma voz no meu ouvido -era a diretora do canal- dizendo um singelo 'encerra agora'. Foi meu primeiro "branco" no ar. N
ão foi o
último.
Um dia me mandaram cobrir o famoso e badalado camarote de uma cervejaria na Marqu
ês de Sapuca
í. L
á estava, num curralzinho dos famosos, a top Gisele Bundchen, linda, de jeans, chinelo e regata branca. Para ter acesso a ela, fiquei num empurra-empurra durante meia hora e quando chegou a minha vez de entrevist
á-la, fiz a pergunta e imediatamente uma mulher se jogou na frente da c
âmera. "Ela n
ão tem condi
ções de dar mais nenhuma entrevista neste estado, voc
ê me entende." Era a produtora dela. A
uber model tinha bebido demais.
Um dia fui tentar entrevistar o Gugu num camarote da Marqu
ês de Sapuca
í. Ele era s
ímbolo da tv concorrente, mesmo assim minha chefia mandou falar com ele, j
á que um dos enredos da noite era sobre Silvio Santos. Gugu me cumprimentou abra
çado a uma, digamos, modelo, e a apresentou como 'minha namorada'. N
ão sei se foi coincid
ência mas o sungun, aquela luz port
átil, se recusou a trabalhar. Trocamos o equipamento duas vezes e nada. A entrevista, no escuro, nunca foi ao ar.
Um dia fui entrevistar o ucraniano Sergey Bubka, o maior nome do salto com vara na hist
ória do esporte, campe
ão ol
ímpico e 35 vezes recordista mundial. Ele come
çou me apressando porque tinha que viajar. A pergunta era sobre a melhor brasileira neste esporte em todos os tempos, Fabiana Murer. Antes de come
çar a responder, ele me perguntou: "vc
é especialista na nova t
écnica dela?" N
ão era. "Ah..." ele sorriu, respondeu com meia dúzia de palavras e saiu.
Um dia fui à casa de Beth Carvalho lembrar como ela
é apaixonada pelo Botafogo, de tal maneira que comp
ôs uma m
úsica entoada pela torcida do clube. Depois de deixar a equipe esperando na sala por quase duas horas, ela apareceu. A entrevista foi
ótima. Até o operador de
áudio pedir que ela ligasse o aparelho de som pra poder captar no microfone a grava
ção da m
úsica. Ela ficou nervosa porque n
ão sabia manejar direito o equipamento e come
çou a gritar. O operador, coitado, que sofre de uma certa dem
ência, começou a tremer feito vara verde e n
ão conseguiu sequer plugar o microfone no buraco da c
âmera. Naquele dia aprendi que n
ão se contraria a rainha do samba.
Um dia estava pronta pra entrevistar ao vivo o ent
ão treinador do Fluminense, Abel Braga, que tinha acabado de vencer um jogo do campeonato brasileiro nos
últimos minutos da partida. Era para ele estar feliz da vida, mas, antes que eu completasse a primeira pergunta, deu pra ouvi-lo, aos berrros reclamando com o assessor de imprensa do clube, 'Alexandre, assim n
ão d
á, assim n
ão'. É que eu era a
última a entrar no ar, e Abel estava com pressa.
Um dia fui entrevistar o t
écnico de v
ôlei multicampe
ão Bernardinho depois de uma derrota no campeonato brasileiro. Ele estava nervoso porque tinha vazado na imprensa que ele chamaria de volta
à sele
ção brasileira o levantador Ricardinho, com quem havia brigado h
á mais de um ano. Na hora de responder
à pergunta, come
çou me dando bronca ao vivo: "karin, eu falei que n
ão era pra perguntar sobre isso, voc
ê, hein!" N
ão foi a primeira nem a
última vez que fui alvo de tanto stress acumulado. Da pr
óxima, receito uma massagem com pedras quentes que
é tiro e queda.
Um dia fui ao hotel onde estava o cantor Neil Young, perguntar sobre o show que ele faria na noite seguinte no Rock in Rio 3. Na v
éspera, o guitarrista de uma banda de rock havia subido ao palco nu, coberto apenas pelo instrumento. Inocentemente, perguntei a Neil Young: "vc n
ão vai fazer como ontem
à noite e ficar nu n
ão, n
é?" E ele, rápido no gatilho, aproveitando minha pergunta de duplo sentido: "como vc sabe que eu estava nu ontem
à noite?' Ruborizei.
Um dia estava entrevistando o maior medalhista ol
ímpico de todos os tempos, o nadador americano Michael Phelps, dono de 19 medalhas ol
ímpicas, n
ão exatamente conhecido por sua beleza f
ísica, e perguntei na lata: "Vc
é um bom partido?". A
í foi o cara que ruborizou.
( a continuar...)