segunda-feira, 4 de abril de 2011

A Essência de cada um

Vi na TV que um italiano que mora em Florença tem um dom especial, talvez único. Ele passa duas horas entrevistando você, uma pessoa comum, que ele nunca viu na vida, e depois de saber um pouco dos seus gostos, da sua infância, do seu relacionamento com seus pais e amigos, dos seus lugares preferidos no mundo e de outros detalhes pessoais, mistura uma porção de essências e cria um perfume exclusivo, que leva o seu nome no rótulo e é um resumo daquilo que você é. Incrível. Fiquei com vontade de ir até lá nas minhas próximas férias só pra ver se o “Eau de Karin” combinaria mesmo comigo. Imagina se pudéssemos realmente colocar um pouquinho da gente num vidrinho, qual seria o resultado?

Misture um pouco de impaciência, uma dose de preguiça, um sopro de comodidade, uma pitada de ansiedade, e este seria o perfume dos meus defeitos.

Agora, abra outro vidro e pingue uma gota de amabilidade, um punhado de inteligência, uma dose de honestidade, um pouco de sensibilidade, e pronto: taí o perfume com o melhor de mim.

Bom mesmo seria se conseguíssemos pegar esse perfume defeituoso e mandá-lo pelo ralo junto com nossos defeitos reais. Queria muito ser mais paciente com as pessoas, não ser tão ansiosa, ter mais iniciativa no trabalho, ser mais companheira das amigas. Mas o tempo anda tão rápido que, quando a gente vê, não conseguiu mudar. É como aquela listinha que a gente faz todo mês de dezembro com as resoluções de Ano Novo: se dez por cento virarem realidade, já é um avanço.

Queria poder criar um perfume com tudo o que eu gostaria de ser e que, a cada gota que derramasse em mim, minha vida se encaminhasse na direção de todas aquelas coisas boas. Imagine só! Num instante seria rica, sarada, falaria todos os idiomas do mundo, entenderia tudo de arte, política e economia, teria juventude eterna e saúde pra dar e vender. A propósito, se alguém vir num programa de TV que existe um especialista neste tipo de perfume, me avise que eu vou voando.