sábado, 29 de janeiro de 2011

Hora do Recreio

Outro dia um amigo que me conhece há 14 anos olhou pra mim e disse: “você tá feliz, não tá?”. Dei um sorriso como resposta e ele entendeu. Você se lembra da última vez em que sentiu uma felicidade plena, sem que nenhum fator extraordinário tivesse causado essa sensação? Algo como a felicidade que você sentia quando tocava o sinal do recreio. Era uma alegria, uma sensação de liberdade, de saber que naqueles próximos 30 minutos você podia fazer o que quisesse, não era? A hora do recreio era hora de brincar, de fofocar com as amigas, e, mais tarde, de paquerar. Era o momento de se inserir naquela sociedade formada por outras crianças e adolescentes, de mostrar quem você realmente era. A hora do recreio era sagrada, era especial, ninguém queria perder. Me lembro até hoje de como fiquei decepcionada quando minha irmã mais velha, ao chegar à faculdade, me contou que lá não tinha recreio. “Como assim, não tem recreio? Deve ser muito sem graça essa tal de faculdade...”


Eu não tenho mais recreio faz tempo, mas sei que é possível viver como se ele existisse. Que tal acordar um pouco mais cedo pra dar um mergulho antes do trabalho? Ou sair do serviço uma hora antes pra gargalhar numa peça de teatro em plena segunda-feira? Pegar um cineminha no meio da tarde de uma quarta? Não é uma felicidade? Podem parecer coisas simples, mas há quanto tempo você não faz uma delas? São escapadinhas como essas que trazem de volta aquela sensação de liberdade que você tinha quando criança, quando não precisava ser responsável, nem cuidar de ninguém. Aquela sensação da hora do recreio. Experimente só. Meia horinha por dia de “autos” faz um bem danado. Ah, e se tiver um lanchinho gostoso no meio, então, hum...melhor ainda.