quinta-feira, 8 de março de 2012

Pressa de anteontem

Me irrita um pouco essa ânsia das pessoas em querer saber tudo primeiro que os outros. Pode parecer um paradoxo pra uma jornalista confessar isso nos dias de hoje, em que todo mundo publica o que quer nas redes sociais e sites pipocam exclusivas a todo momento. Mas é que sou uma pessoa que não consome notícia com essa velocidade. Sinceramente, não me incomodo em saber das novidades com um pouco de “atraso”, porque geralmente o que mais me interessa é atemporal –ou quase.

Não me importo em esperar a nota oficial para saber se o técnico do meu time foi ou não demitido. Melhor do que ouvir alguém que apurou com pressa e se enganou –e, pior, repetir a notícia errada e dar uma ‘barriga’, como dizemos no jargão jornalístico, e que não é raro acontecer por aí.  Já me peguei várias vezes lendo o jornal de ontem e descobrindo, com horas de atraso, que a exposição que eu tanto quero ver finalmente virá pra minha cidade. O que é que tem saber só no dia seguinte quem ganhou o Oscar? Garanto que nunca perdi nenhum evento importante por causa deste 'lapso' na minha personalidade.

Não que eu não acredite no chamado ‘furo jornalístico’. Mas, pra mim, ‘furo’ importante é entrevistar alguém realmente relevante antes dos concorrentes. É levantar um caso que estava esquecido e fazer ele ser discutido novamente pela sociedade. É registrar o momento em que um atleta desabafa, chora, vibra, explode, e que só eu vi.

Como jornalista, sou contra plantões intermináveis sem sombra de notícia, horas perdidas nas ante-salas de escritórios, delegacias, federações, órgãos públicos em geral, esperando por uma informação que nunca vem. Perda de tempo. Não vejo problema algum em esperar pelo dia seguinte. Aliás, acho que a única noticia que deve ser divulgada com pressa é quando há risco à saúde, ou a morte de alguém. Ah, claro, e os números da Mega-Sena.