sábado, 25 de setembro de 2010

Quantos anos você tem?

Parece uma pergunta simples - só parece. Acabo de ler o best-seller "Comer Rezar Amar", que mês que vem chega aos cinemas com a adorável Julia Roberts no papel da escritora Liz Gilbert, e gostei de uma passagem em que ela fala sobre isso. Liz vai para Bali encontrar um xamã, como parte de sua viagem de auto-conhecimento, e fica curiosa pra saber a idade daquele senhor tão experiente. Jamais conseguiu. Não só porque o velho sábio não tem um registro de nascimento, mas porque ele mede sua idade de um jeito peculiar. Quando acorda bem disposto, alegre, confiante, acredita ter uns 65. Na manhã seguinte, se estiver cansado, com dores, se seu humor já não estiver tão bom, se sente com 105.

O que diz a sua certidão de nascimento? Uma data? Ou será que nas entrelinhas não está escrito "30 anos, mas com corpinho de 22, saudável, bem resolvida, emocionalmente equilibrada, pronta pra ser feliz"?
Ou então: "25 anos, cansada da vida, irritada com o mundo, ranzinza, como se tivesse 52"? Qual idade você SENTE que tem?

Sua pele pode não ser mais de bebê. Seu rosto pode ter uma marquinha de expressão, seus fios de cabelo podem ter começado a te dar trabalho. Mas é o seu estado de espírito que demonstra sua verdadeira idade. Aposto que você conhece uma "coroa" de 45 anos que você jurava que tinha pouco mais de 30. Ninguém quer parecer mais velho. Tá bom, quando a gente tem 15, não vê a hora de chegar aos 18. Mas, passada essa fase adolescente, todas nós daríamos tudo pra não envelhecer. Que tal então pararmos pra pensar no que nos faz SENTIR mais velhas e riscar de vez estes hábitos da nossa vida? De que adianta ter apenas 28 mas andar por aí como se o peso do mundo estivesse sobre seus ombros? Provavelmente estará escrito "40 anos" na sua testa. Cada um tem sua fórmula para viver bem, sua maneira de ser feliz. Descubra qual é a sua e se agarre nela. É bem mais econômico do que fazer uma plástica e vai te render muito mais elogios.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

A Pessoa Errada

Já aconteceu com todos nós: gostar da pessoa errada. O mundo tentando abrir seus olhos, todos os seus amigos questionando aquele relacionamento, sua familia sendo contra, e você ali, dominada pela paixão, tirando forças não sei de onde pra continuar, pra não fraquejar. Meses, anos a fio, apostando que você está certa, tentando salvar aquele namoro, aquele casamento, acreditando que as coisas vão melhorar, que ele vai mudar, que é apenas uma má fase. E quanto tempo perdido. Noites em claro discutindo a relação, horas desperdiçadas argumentando contra o que você já nem sabe mais, palavras inúteis, frases que já não tem a menor importância, sentimentos jogados no vazio, pedidos de desculpas, lágrimas, um turbilhão de emoções que quase sempre terminaram do mesmo jeito que tudo começou.


Se isso já aconteceu com você, e eu aposto que sim, abra os olhos. Acredite no chavão que diz que a vida é muito curta pra perder tempo sendo infeliz por escolha própria. Aceite os conselhos das suas amigas que já passaram por isso e aprenda com os erros delas. Saiba que tem gente por aí que realmente te merece, que vai saber te dar valor, que está escondida em algum canto da sua vida esperando o momento certo de aparecer. Confie no poder mágico dos encontros, tenha fé que, em algum momento, quando você menos esperar, aquele cara que está reservado pra você vai transformar sua vida, vai acabar com seu sofrimento, vai te abrir novos horizontes, vai finalmente te fazer feliz por inteiro. E, quando seu grande amor aparecer -este cara cheio de qualidades, que sabe te ouvir e te admira, que te ama com gestos e não apenas com palavras vazias, este, e não aquele de quem ninguém gostava, aquele que não combinava nem um pouco com você- me faça um favor: escute o poeta daquela música triste e o reconheça.  

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Sortudos

É só um prêmio milionário ser sorteado na Mega Sena que nossa reação imediata é dizer: "que sorte!" Ainda mais agora, com a notícia nos jornais de uma pesquisa que prova que dinheiro traz, sim, felicidade, os novos milionários estão sendo, mais do que nunca, invejados pelo país inteiro. Afinal, quem não gostaria de estar no lugar desse sortudo? Se serve de consolo pra quem, como eu, apostou e não levou, aí vai uma dica. Olhe bem pra você e se pergunte: "eu já não sou uma pessoa de sorte?"

Sorte de ter nascido numa boa família, de gente honesta e carinhosa.
Sorte de ter uma mãe que cozinha bem e com amor, de ter avós vivos.
Sorte de ter amigos, de ter alguém em quem confiar seus segredos.
Sorte de ter uma cama quentinha e um travesseiro macio te esperando.
Sorte de morar perto da praia, num país onde é verão o ano inteiro.
Sorte de ter um irmão, de ter filhos que te amam.
Sorte de ter um bom emprego, de não ter medo de avião nem de barata.
Sorte de ser belo.
Sorte de ser sensível à arte, de gostar de livros, de ter oportunidade de ver um bom filme sempre que quiser.
Sorte de comer de tudo e não engordar, de não ter TPM, de ter nascido de olhos azuis ou verdes.
Sorte de ter ritmo e saber dançar, de ter a voz da Mariah Carey, de ter o charme de um galã de TV.
Sorte de saber reconhecer um momento especial e agradecer por ele.
Sorte de ter tido a sorte de encontrar seu par perfeito.
Sorte de não ser perfeito, e , por isso, não exigir que os outros sejam.

Olhe pra dentro. E descubra se você não é realmente uma pessoa de sorte.

domingo, 5 de setembro de 2010

Imagens e beijos

Qual imagem você escolheria para definir a sua vida? Que foto melhor simboliza o momento que você está vivendo agora?

Meu fotógrafo preferido, o francês Robert Doisneau, captou em 1950 uma imagem que ficou conhecida no mundo inteiro: "O beijo", ou "Le baiser de l'hôtel de ville" , no original, é o flagrante de um casal comum dando um beijo apaixonado numa movimentada rua de Paris. Simbolizava a força do amor jovem na cidade-luz no período do pós-guerra. A identidade do casal permaneceu um mistério durante décadas. Só em 1992, mais de quarenta anos depois de ter tirado a foto, quando virou alvo de um processo judicial movido por um casal que acreditava ser o personagem da imagem captada sem sua autorização, Doisneau revelou que aquela foto nunca fora uma feliz obra do acaso. O casal fotografado era, na verdade, formado por dois atores, que, a pedido dele, se beijaram. A explicação do artista é o que mais intriga, principalmente nós, brasileiros: "jamais ousaria fotografar um casal assim. Amantes se beijando na rua? provavelmente não era um casal legítimo."

Quem já visitou alguns países europeus e, principalmente, os Estados Unidos, entende logo esta visão de Doisneau. Lá, beijar em público é quase um acinte. Os americanos deram até um nome para o ato de demonstrar carinho na frente de qualquer um: P.D.A -  public display of affection. E são totalmente contra. Em casos extremos, chegam a gritar na rua: "get a room!", ou seja, "vá procurar um quarto pra fazer essas sem-vergonhices". Na França dos anos 50, então, um beijo como aquele só poderia envolver dois amantes, ou um casal "não-legítimo", para usar as palavras do artista.

É nessas horas que fico feliz de viver no século XXI e, principalmente, no Brasil. Ou vai me dizer que tem algo melhor do que ser surpreendida pelo seu namorado com um beijo daqueles, apaixonado, no meio da rua, sem qualquer explicação? Casais que estão juntos há muito tempo às vezes esquecem de que momentos como esse, de demonstração de amor espontâneo, de beijos ardentes sem motivo, valem mais que o automático "eu te amo" de todo dia. Nada de beijo na testa ou selinho de bom dia. Ser puxada pelo braço no meio da frase e levar um beijo de cinema, hum, afasta qualquer mau-humor, e desperta aquela sensação de que se é amada de verdade.

E se, voltando à pergunta do início, você precisar de uma imagem pra definir sua vida, seu momento, tomara que seja uma foto como a de Doisneau - mas de preferência de um beijo genuinamente verdadeiro.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

A Vida Alheia

Você odeia seu chefe? Tem inveja daquela mulher do trabalho mais bonita e inteligente que você? Ou daquele cara que chegou depois, mas foi promovido na sua frente? Então comece a falar mal deles para o próximo e ganhe um amigo. Uma pesquisa revela que fofocar, principalmente, falar mal da vida dos outros, é uma boa maneira de se fazer amizades. Isso mesmo. Claro que não se trata de ficar amigo do objeto da fofoca... seria engraçado. Mas americanos da Universidade de Oklahoma descobriram que compartilhar opiniões negativas sobre alguém pode aproximar duas pessoas e ser até mais eficaz do que compartilhar elogios. O motivo ainda não está muito claro na cabeça dos pesquisadores. Mas eles acreditam que, como se considera socialmente inapropriado falar mal de outras pessoas, quando isso acontece é como se um laço afetivo se formasse. É o outro conhecendo um pouco mais sobre a verdadeira personalidade do fofoqueiro. Ou seja: contar uma fofoca faz a pessoa ser mais querida.


Falar da vida dos outros, pra muita gente, é quase um esporte. Há quem não consiga fugir do assunto. Quem é que não conhece aquela pessoa que se dá bem com todo mundo só pra poder saber da vida de todos e espalhar boatos? Costumo achar que quem se preocupa demais com a vida alheia é porque não tem uma vida tão interessante assim. Mas a fofoca está aí desde que o mundo é mundo, faz parte da sociedade. Calcula-se que dois terços do que as pessoas conversam é sobre quem está com quem, quem fez alguma coisa contra quem. Fofocas circulam pelo planeta desde os primórdios da civilização. A imperatriz russa Catarina, a Grande, lá no século XVIII, já era vítima dos fofoqueiros. Reza a lenda que ela morreu em circunstâncias estranhas na companhia de cavalos. Ninguém sabe quem espalhou esse boato, mas a verdade é que ela morreu de um ataque cardíaco, e nunca houve cavalo algum nesta história. Aliás, fofocar sobre celebridades – como a imperatriz foi naquela época- é uma das maneiras mais conhecidas de se ganhar dinheiro hoje em dia. Mas não vá achando que é só na revista que a vida alheia rende frutos. Fofoqueiros profissionais estão espalhados por aí e, se você não se der conta, daqui a pouco vão colocar a sua vida na primeira página dos jornais.